Não é fácil fazer do homem um Super-Homem



O BHQ+ debutou há pouco mais de cinco anos. A ideia deste espaço era o de mero desabafo: publicar impressões relativas às tão aguardadas adaptações dos super-heróis dos quadrinhos para os cinemas deste ínicio do século XXI. E o primeiro post foi justamente em resposta à estréia de ”Superman Returns”, de Bryan Singer.

Apesar de nossos elogios ao trabalho de Singer (um contraponto ao senso comum), consideramos também que os pontos a favor desse diretor também os pontos fracos da obra. “Superman Returns” foi a concretização do sonho de um fã. Singer, muito zeloso com a mitologia do herói, principalmente no que diz respeito às preciosas colaborações do diretor Richard Donner e de Christopher Reeve, não teve coragem de ousar: o dogma criado pelo filme de 1979 tornou-se pesado demais.

O gênio que conseguiu ridicularizar o clássico colorido dos X-Men, garantindo-lhes respeitabilidade nos cinemas, contentou-se em meramente reapresentar o Superman de Donner, com o diferencial do aparato tecnológico desses últimos anos. A ousadia do diretor deu lugar à devoção do fã.

O primeiro “X-Men” provou algo muito importante. Christopher Nolan pode ser o “pai da verossimilhança” no quesito “super-heróis no cinema”. Mas talvez não existisse um “Batman Begins” se Bryan Singer não tivesse renovado o guarda-roupas de Wolverine & Cia. O filme “X-Men” foi a prova de que as histórias de super-herois, e principalmente as suas origens, devem ser reelaboradas para a transposição cinematográfica.

Insistir em um Superman ornamentado como um príncipe encantado espacial, de penteado impecável, e vestido com a famigerada sunga vermelha sobre as calças, naturalmente agradaria aos mais nostálgicos. O filme de Singer pode ser considerado como o fim de uma franquia. Agora sim, um Superman reestruturado prepara-se para o início de uma nova saga.

A cada geração predominam estéticas e correntes de pensamento. Superman surgiu para elevar o moral dos EUA após a Grande Depressão. Após os atentados de 11 de setembro (que completaram uma década neste ano), não há como manter o mais emblemático super-herói dos EUA como um personagem romântico. Os EUA novamente precisam do Superman. Mas não é um Superman qualquer, há de ser um Superman factível. Não um herói idealizado, mas aquele passível de caminhar – voar – entre nós. Esse é um trabalho para... Christopher Nolan.

Mas por que não... antes de Nolan?

O seriado “Smallville” seria o instrumento perfeito para que Superman se reerguesse ao Olimpo, ao panteão dos super-heróis bem sucedidos no cinema. Bastava que seus realizadores aproveitassem uma única oportunidade entre as várias intervenções criativas com as quais agregaram tanto valor à mitologia de Kal-El. Mas exatamente no momento final, quando aguardávamos vislumbrar Tom Welling fazendo história ao ser o pioneiro a trajar o uniforme azul sem a cueca vermelha, uma emanação computadorizada do uniforme (Feita em última hora?) dotado da famigerada sunga surgiu para acompanhar a filmagem da cabeça do ator.

Algumas das previsões que o BHQ+ fez para o que seria o uniforme do Superman em “Smallville” vingaram para o reboot nos quadrinhos. Interessante é entender que muitas das vezes em que histórias em quadrinhos ganharam versões para o cinema, em conseqüência (ou como “prévia”) foram criadas adaptações desses filmes para os quadrinhos. Algumas vezes isso ocorreu como uma tentativa de criar uma ponte entre as características dos personagens da versão impressa e as necessárias modificações para as encarnações das produções em live-action.

Seria o ousado reboot de todo o Universo DC a grande preparação dos fãs para o vindouro “Superman – O Homem de Aço”? Porque o Superman esteticamente concebido por Jim Lee parece um elo entre o clássico personagem e aquele que está sendo personificado por Henry Cavill. O personagem de Jim Lee apresenta-se com cinto vermelho (a nova cor para manter a presença do vermelho - da aposentada sunga) sobre um uniforme que parece uma armadura colada ao corpo. O BHQ+ previu a queda da cueca, a substituição do cinto amarelo (com fivela oval) por um cinto vermelho em cujo centro está uma fivela com os contornos do símbolo do Homem de Aço, e a idealização de um uniforme criado com tecnologia alienígena, com o chumbo constituindo parte de sua composição.

O uniforme criado para o próximo filme já destoa bastante, tanto da versão por Jim Lee quanto das versões anteriores. A cueca exposta pode complicar bastante a dignidade de um herói – mas a presença e uma capa pode significar risco de vida. Em setembro deste ano, Henry Cavill como Superman foi flagrado sem a capa do herói. Estaria fora de cena a capa removível prevista pelo BHQ+ para “Smallville”? Em mais um ponto o BHQ+ parece ter acertado:

A capa recebe fivelas para prendê-la, garantindo que possa ser retirada facilmente para cobrir uma pessoa ferida ou com frio. Também permite se livrar no caso de ficar preso em alguma coisa, evitando o que aconteceu com o vilão Síndrome, de “Os Incríveis”, que acabou sendo sugado para o motor de um jato por causa da capa.

Tentamos retroceder através do processo de concepção do Superman por Shuster e Siegel, especulando que a razão do uniforme sob cueca fosse uma coisa ligada aos ginastas, aos artistas de circo. Retrocedendo além, aproximando-se mais às raízes anglófilas, podemos chegar às armaduras medievais. Mas qual seria a necessidade de uma armadura para “o todo poderoso” Superman? Jim Lee criou algo interessante. Não parece ter sido aproveitado pelo Superman “de Nolan”, mas vemos algo do tipo no “Jor-El” de Nolan:

Uma recente declaração do ator Michael Shannon (Zod) pode indicar que o “uniforme-armadura” pode vestir outros além da Casa dos El. Inclusive, Zod teria uma armadura mais agressiva, criada por CGI, quem sabe algo que remeta ao traje kryptoniano utilizado por Superman após seu retorno da morte e, deste então, abandonado em sua isolada fortaleza:



Finalmente, teremos os kryptonianos de guarda-roupa renovado. Saem de moda o colante circense do super-herói e a túnica romana do diplomático Jor-El de Marlon Brando. Estão em alta as armaduras. Entraremos em tempos de guerra? Estreará a tão aguardada ameaça para o Homem de Aço capaz de gerar um filme digno da mitologia do herói? Os EUA novamente precisam do Superman...

Ah, e a resposta para a questão: E por que não antes de Nolan? Justiça seja feita. Christopher Nolan tem coragem para fazer as coisas de uma forma original. Mas o controverso Tim Burton tem coragem para pensar as coisas de forma única. Agora dá pra perceber que o aborto de Tim Burton deixou alguma herança. Contratado por Burton para desenvolver as artes de “Superman Lives”(“Superman Reborn”), James Carson criou conceitos que podem ter sido aproveitados para o novo Jor-El...

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